O Dia Internacional da Mulher, que transcorre no dia 8 de março, é comemorado no Polo de Camaçari com a crescente presença feminina em posições predominantemente masculinas. As mulheres estão ascendendo a cargos de liderança e chegando também à operação das indústrias, desafiando estereótipos e ampliando a diversidade. As empresas têm investido em programas de atração e empoderamento feminino, resultando em um ambiente mais diverso e plural. Um exemplo marcante dessa mudança é a trajetória de Thamara Tomires Souza Wanderley (foto), 36 anos, a primeira mulher a ser operadora de campo de Caldeira na Área Térmica da Termelétrica da Braskem Q1 BA. Sua conquista abriu portas para outras mulheres e reflete o que acontece em outras empresas, como a Basf e a Bridgestone.
Formada em Engenharia de Produção, mestranda em Engenharia Química pela Ufba e operadora da IESE (Industrial de Energia e Serviços Essenciais), na Unidade Térmica da Q1BA, Thamara ingressou na Braskem em 2010, por meio do curso promovido pelo Cofic junto ao Senai. “Na seleção havia 3 mil concorrentes, 70 fizeram o curso e eu fui uma das 18 pessoas chamadas para ser trainee na Unidade de Insumos Básicos da Braskem. Hoje completo 14 anos de empresa. Fui a primeira mulher a ser operadora de campo de Caldeira na Área Térmica da Termelétrica da Q1 BA. A vinda de uma outra operadora para a área só aconteceu quase 5 anos depois. Em 2025 somos cinco mulheres no setor”, conta.
Segundo Thamara, “a presença feminina em ambientes predominantemente masculinos traz oportunidade de reflexão sobre a relevância da nossa representatividade. Essa reflexão possibilita a inclusão e, por consequência, o reconhecimento das habilidades que permeiam as mulheres, a exemplo da criatividade, cooperação e inovação, que a longo prazo favorecem a competitividade das organizações”.
O EXEMPLO DA BRASKEM
Com 1.600 integrantes e 3.000 terceiros na Bahia, a Braskem registrou em 2024 a marca de mais de 50% de mulheres nas áreas administrativas, 13,4% na operação e 27,3% em cargos de liderança. Outro indicador é a taxa de retorno após a licença maternidade: em 2014, cerca de 65% das mulheres retomaram suas funções na empresa; hoje o retorno é de 95%. “Sabemos que ainda temos um longo caminho a percorrer para termos uma sociedade realmente justa e com iguais oportunidades para todos, mas temos plena convicção de que estamos no caminho certo”, afirma Ana Luiza Salustino, gerente de Pessoas e Organização da Braskem no Nordeste.
A empresa vem adotando programas estruturantes para inclusão e ascensão das mulheres desde 2017, como as “Redes de Afinidade de Gênero”, o “Programa Respeito é Inegociável” e "Elas Braskem", este focado em preparar as participantes para desafios mais complexos em suas carreiras. “No Programa de Estágio Técnico e Universitário da Braskem, hoje, 50% das vagas são dedicadas a mulheres e no ano de 2023 nós lançamos em parceria com o Cofic, o curso pós técnico de formação de operadores com bolsas direcionadas para mulheres. Tudo isso para ampliar as possibilidades para as mulheres. Mas além da atração e contratação, temos investido também em ações para cuidar desse ambiente para todos”, ressalta Ana Luiza Salustino.
BRIDGESTONE TEM 12% DE MULHERES NA FÁBRICA
Com o início da produção após a expansão da unidade do Polo de Camaçari, celebrada em outubro de 2023, a Bridgestone conta atualmente com 1.086 profissionais. Como resultado dos projetos que impulsionam a presença feminina no mercado de trabalho, atualmente 12% do quadro total da fábrica de Camaçari são mulheres. “A participação das mulheres na fábrica é muito importante, pois contribui para igualdade de gênero e diversidade no ambiente de trabalho, podendo levar a uma variedade de perspectivas e evoluções”, afirma Eduarda Paim Barros, operadora na Bridgestone Camaçari.
Entre as ações desenvolvidas pela Bridgestone para inclusão e empoderamento das mulheres estão “Mentoria com Liderança”, “Trilha de Aprendizagem sobre Diversidade”, “Grupo de Desenvolvimento de Diversidade” e “Café com Elas” - um bate-papo descontraído protagonizado por mulheres e com experiências das colaboradoras. Para este ano de 2025, a empresa informa que está lançando novos programas que “refletem o compromisso contínuo da Bridgestone em construir um ambiente mais inclusivo e igualitário para todos os seus colaboradores”. Entre os novos programas está o "Empoderar para Transformar" – um programa exclusivo para mulheres, voltado ao desenvolvimento de competências e habilidades para cargos de liderança.
BASF TEM 36% DE MULHERES NA AMÉRICA DO SUL
Somando postos de trabalho diretos e indiretos, o Complexo Acrílico no Polo de Camaçari possui cerca de 500 colaboradores. Em todo o seu universo na América do Sul, a Basf conta com 36% de mulheres no quadro de colaboradores e 37% de mulheres em cargos de liderança, somando as áreas industriais e administrativas no ano de 2024.
Um dos exemplos do empoderamento das mulheres na Basf Camaçari é a história de Larissa de Araújo Brito, engenheira de Segurança do Trabalho: “Minha trajetória na ciência e na indústria começou em um momento de grandes mudanças pessoais. Quando meus pais se separaram, senti a necessidade de ajudar em casa. Foi nessa época que a Basf levou para Camaçari o Projeto Açaí, uma iniciativa em parceria com o Senai de formação de operadores para trabalhar no Complexo Acrílico. Fiz parte do projeto e, em janeiro de 2014, ingressei na companhia. Paralelamente, também estava cursando Engenharia Química no IFBA”.
Larissa foi uma pioneira na fábrica: “Tive a honra de ser parte do time que inaugurou a instalação fabril da planta de Super Absorventes. Essa foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Tenho orgulho de ter participado de um projeto tão pioneiro, que trouxe algo muito significativo: o conceito de ter mulheres na operação! Pela primeira vez, me senti representada em um ambiente predominantemente masculino”, conta.
Para Larissa, “ser uma mulher na ciência já é um desafio por si só, mas ser uma mulher negra na ciência adiciona ainda mais camadas de complexidade. Não é fácil se imaginar nesse campo sem referências ou exemplos claros na indústria. No entanto, sinto que minhas colegas e eu conseguimos abrir portas para as gerações futuras. Isso me dá esperança e senso de propósito”. De acordo com a engenheira, “o ponto de virada na minha jornada foi o programa Women in Business, que me ajudou a me enxergar em diferentes posições e ampliou minha visão sobre as diferentes possibilidades de atuação na empresa. Percebo um esforço genuíno para promover a presença de mulheres na operação, especialmente com o avanço da automação nas plantas. A diversidade que vejo na fábrica de Camaçari é inspiradora e me motiva todos os dias”.
A Basf fomenta a diversidade através de grupos de afinidade. No Brasil, existem cinco grupos, que promovem a equidade de gênero, equidade racial, inclusão de pessoas LGBTI+, inclusão de pessoas com deficiência e interação intergeracional. Segundo a empresa, “um dos principais objetivos dos grupos de afinidade é criar entendimento sobre os desafios e oportunidades de inclusão dentro da empresa. Além disso, eles também têm um papel importante na construção de pertencimento e de um espaço em que as pessoas possam se sentir acolhidas e livres para serem quem são”. Entre os programas internos, destaque para o “Programa Eleva”, cujo propósito é reunir profissionais mais experientes e em cargos mais altos para fazer mentoria para alavancar a carreira das profissionais na companhia.