Deputados estaduais, servidores públicos, empresas, especialistas e representantes de cooperativas de catadores participaram do Seminário Plástico e Políticas Públicas no último dia 26 de agosto, na Assembleia Legislativa da Bahia. O objetivo: discutir soluções para a reciclagem do plástico na Bahia. A iniciativa foi promovida pela Braskem e pelo Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia (Sindiplasba), com apoio técnico da startup Solos. Este mesmo evento foi realizado em junho nas câmaras municipais de Salvador e Camaçari.
"O plástico é um grande ator no caminho para a economia circular, porque tem maior volume e valor para reciclagem", afirma Fábio Sant'Ana, responsável por Desenvolvimento de Mercado e Novos Negócios do Cazoolo - laboratório de design de embalagens circulares da Braskem. Em sua apresentação, Sant'Ana destacou que, apesar do papel representar 50,2% do volume triado nas cooperativas de coleta de resíduos, o plástico é responsável por 58,5% do faturamento dessas entidades, demonstrando a relevância do material na cadeia da reciclagem.
Ele falou ainda sobre as ações da Braskem para ampliação da circularidade, seja por meio do Cazoolo - com o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis -, seja pelo desenvolvimento da cadeia pós consumo com soluções circulares com o Wenew, ou com a produção de resinas de bases renováveis, como o I'm green™ bio-based, o plástico de origem renovável da Braskem, feito a partir da cana-de-açúcar. “O material pós consumo tem valor e se bem desenhado, tem valor ainda maior, promovendo progresso para o estado, gerando impostos e desenvolvimento social, além de tirar os resíduos de aterros sanitários”, ressaltou.
Anfitrião do Seminário, o deputado estadual Radiovaldo Costa ressaltou a necessidade de, no presente, pensar a sociedade baiana do futuro. “É um debate necessário para a Assembleia Legislativa da Bahia, pois trata de conciliar preservação ambiental, desenvolvimento industrial e proteção dos empregos. Esse equilíbrio é essencial para o futuro do nosso povo”, pontuou.
“Ter uma discussão desta, para entender melhor como processar o plástico é de suma importância para nós catadores. Até para aprimorar o processo de reciclagem”, disse Elenildes Duarte, presidente da cooperativa Camapet, presente ao evento.
A gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, Magnólia Borges, por sua vez, destacou que a transição da economia linear para a circular depende do engajamento coletivo e apontou a meta da companhia de, até 2030, comercializar 1 milhão de toneladas de produtos com conteúdo reciclado. “Trata-se de uma meta desafiadora, no entanto é fundamental que todos os elos da cadeia participem desse esforço, viabilizando um modelo de produção e consumo mais sustentável. Para que isso aconteça, é necessário haver demanda, e atualmente a reciclagem no Brasil ainda representa um percentual muito baixo”, informou.
O desafio da reciclagem
O plástico consolidou-se como um dos materiais mais presentes na vida moderna. Na saúde, é indispensável em seringas, bolsas de sangue e equipamentos hospitalares. No setor alimentício, garante conservação e transporte seguro, ajudando a reduzir o desperdício. Já em áreas como a tecnologia, a mobilidade e a aviação, contribui para inovação, segurança e eficiência energética.
O desafio está no descarte incorreto e nos baixos índices de reciclagem. De acordo com o estudo Monitoramento dos Índices de Reciclagem Mecânica de Plásticos Pós-Consumo no Brasil, encomendado pelo PicPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico) e divulgado em outubro de 2024, o país registrou em 2023 uma taxa de 20,6% de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo. Já o índice de recuperação, que considera todo o resíduo consumido pela cadeia de reciclagem - incluindo as perdas do processo, que são descartadas de formas ambientalmente corretas - alcançou 24,5% no mesmo período.