Quatro engenheiras mecânicas da Braskem, no Polo de Camaçari, alcançaram um marco histórico: elas estão entre as únicas cinco mulheres em todo o Brasil a possuir a certificação API 570, concedida pelo American Petroleum Institute (API). A certificação é um reconhecimento no setor de petróleo, gás e indústrias relacionadas atestando que as profissionais possuem conhecimento e expertise para inspecionar, avaliar e garantir a integridade de sistemas de tubulações em operação. Essa conquista ressalta a crescente presença feminina nas operações do Polo e se traduz em segurança para a empresa e para o complexo industrial baiano.
O feito das engenheiras ganha ainda mais relevância considerando que apenas 29 profissionais detêm essa certificação no Brasil (dos quais 14 são integrantes da Braskem), e que a aprovação no exame exige um alto nível de conhecimento e preparação. As engenheiras Ariane Candido Batista, Taís Helena de Faria, Ingrid Pereira de Moraes Silva e Carolaine Velame Cerqueira enfrentaram uma prova em inglês com 170 questões e duração de cerca de 7h30, além de uma verdadeira maratona de estudos que teve que ser conciliada com o trabalho. A avaliação foi realizada em outubro de 2024, no Rio de Janeiro. Além das quatro mulheres, outro engenheiro da Braskem, Ramiro Marinho, também obteve a certificação.
“Quando encontramos nossos nomes no site, a gente foi verificar quantas mulheres havia e, quando vimos, éramos uma das primeiras no Brasil”, relembra Ingrid Silva. O orgulho de fazer parte desse seleto grupo também é compartilhado por Taís. “A gente vem em um processo de construção do mercado feminino, ter engenheiras ocupando cargos de liderança, ocupando gerências, diretorias e presidências. Me sinto muito grata por fazer parte desse time”, afirma.
A API 570 serve para atestar o conhecimento de profissionais que possam garantir a segurança e integridade de sistemas de tubulações; cumprir padrões internacionais de normas e regulamentações; prevenir falhas e acidentes; e melhorar a confiabilidade operacional. “Para fazer a prova, o candidato precisa saber também o conteúdo de outras 10 normas internacionais. É uma certificação muito completa”, explica Ariane Batista.
Para Carolaine Cerqueira, a API 570 lhe concedeu uma visão técnica profunda, que lhe auxilia a tomar decisões assertivas em sua rotina de trabalho. “Para perceber oportunidades de melhorias nos procedimentos, entender um equipamento não só do ponto de vista do recurso e das etapas de manutenção, mas em toda sua complexidade, além de contribuir para melhorar os processos internos”, ressalta.
COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO
A preparação para a certificação contou com o compartilhamento de conhecimentos e suporte de colegas certificados, através de uma iniciativa interna apoiada pelo programa Evoluir - o programa Knowledge Sharing API 570 (Compartilhamento de Conhecimento, em português). Assim, engenheiros e técnicos de manutenção puderam se aprofundar nas 11 normas que são cobradas na prova do API 570 tendo aula com os colegas já certificados. “Toda semana a gente se reunia para estudar, fazer simulados e, a partir disso, nos preparar para a prova. Das 18 pessoas que vinham se reunindo para estudar, cinco fizeram a avaliação”, conta Ingrid Silva.
O engenheiro mecânico Gustavo Castro de Carvalho Silva foi um dos líderes do programa. Ele, que já possui a mesma certificação desde 2021, conta que, após se graduar na faculdade, sentiu falta de uma preparação mais voltada para a indústria, e que obter a API 570 o ajudou neste sentido. “Estudando para essa prova foi que consegui ter um arcabouço técnico que me desse segurança para a tomada de decisões. Então, conversando com colegas, a gente teve essa vontade de juntar as pessoas para estudar, dar esse repertório para esses jovens engenheiros que estavam chegando na mesma situação que eu”, explica.
Para preparar os interessados em obter a API 570, foi montada uma estrutura de curso, dividido por norma, com calendário de aulas até a realização da prova. A partir daí, foi uma verdadeira maratona. “Eu e as meninas nos encontrávamos quase todo dia à noite, online, para fazer exercícios, discutir questões, compartilhar conhecimentos. Deixamos algumas coisas de lado, mas valeu a pena”, observa Taís de Faria.